Atualmente, apenas 14% da área plantada possui seguro, afirmou especialista no 5º Encontro de Resseguro
Da esquerda para a direita: Wady Cury, da BB ******; Frederico Ferreira, CEO da Austral, e Andreas Bronk, da Hannover Re
Atualmente, o seguro rural movimenta prêmios de US$ 25 bilhões em todo o mundo. Um salto e tanto quando comparado aos US$ 5 bilhões registrados em 2007. Boa parte deste crescimento veio da conscientização de vários países sobre a importância do seguro rural dentro do programa agrícola dos governos, que vêem a segurança alimentar como uma prioridade. Essa é a visão compartilhada por Andreas Bronk, executive da Hannover Re, durante a palestra Tendências Globais do Seguro Agrícola, proferida no 5º Encontro de Resseguros, realizado no Rio de Janeiro entre 5 e 6 de abril.
“O seguro agrícola é um dos instrumentos de política agrícola mais usados no mundo para reduzir o grau de risco e incerteza e, portanto melhorar a alocação de recursos da atividade rural”, frisou o especialista da Hannover Re, que tem uma boa parcela das vendas do resseguro mundial. Com 44% dos prêmios proveniente dos Estados Unidos, 19% da América Latina, 18% da Europa, 16% da Ásia, apenas 1% na Austrália – em razão da inexistência do subsidio do seguro aos produtos – e 2% dos negócios captados na África. O potencial do seguro agrícola nos países emergentes, inclusive no Brasil, é grande, disse, citando um estudo da Swiss Re que revela que esses países têm potencial de vendas de US$ 25 bilhões até 2025.
Os Estados Unidos lideram o ranking deste tipo de seguro, uma vez que 88% dos 115 milhões de hectares plantados contam com a proteção de alguma seguradora. Nos últimos dez anos, a Ásia passou a ter uma política que prioriza o seguro, o que elevou de forma considerável o percentual para 45% da área plantada com seguro. Na Índia, país que começou sua política agrícola juntamente com o Brasil, o seguro já garante 15% da área plantada. Percentual semelhante ao brasileiro, com 14% dos 73 milhões de hectares plantados.
Porém, para que esse potencial se transforme em negócios rentáveis no longo prazo no Brasil, é preciso ter regras claras e as mais seguras possíveis. “Digo isso sem considerar valores, pois geralmente os orçamentos governamentais têm de ser ajustados. Mas é preciso ter um diálogo aberto e regras claras para que as seguradoras possam investir nesse nicho”, afirma Wady Cury, executivo da BB ******, líder nesse segmento. Também, acrescenta ele, é preciso estimular as discussões sobre as regras regulatórias, apostar no investimento em tecnologias uma vez que o Brasil hoje conta com 12 milhões de hectares e mais de 80 tipos de culturas para serem monitorados. Assim, as seguradoras poderão dar uma efetiva contribuição para que o seguro seja realmente um instrumento de política social. Outra questão relevante é a do investimento na especialização de profissionais dentro e fora do governo”, enumerou Cury.
Frederico Ferreira, CEO da Austral, ressaltou que ter regras claras é realmente uma condição prioritária para um mercado ainda muito imaturo poder amadurecer, bem como ter regras mais estáveis e transparentes em relação à intervenção política na prática do seguro agrícola.
Fonte/Autor por: Cnseg