Os dois últimos anos têm sido de turbulência para a economia brasileira. Embora os números do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) revelem que a taxa de desemprego no Brasil tenha diminuído para 9,3% no segundo trimestre de 2022, como menor índice para o período desde 2015, o fantasma do desemprego atinge 10,1 milhões de pessoas.
O cenário tem levado parte dos brasileiros a investir no próprio negócio. Para muitos também o mercado formal deixou de ser atrativo, o que tem impulsionado o pedido de desligamento voluntário. Nos últimos seis meses de 2022, o Amazonas registrou crescimento de mais de 58% sobre esse tipo de demissões. Entretanto, essa saída do mercado de trabalho, vai além da força de vontade de empreender, requer planejamento.
São quase 3 milhões de brasileiros que deixam de fazer parte do seguro de vida coletivo e previdência privada empresarial oferecidos pela empresa, reduzem suas contribuições à previdência social (e assim reduzem sua aposentadoria social). E que estão extremamente vulneráveis e abertos a falar sobre proteções e acumulação.
“Eu percebo que quando as pessoas se tornam profissionais autônomos elas tem um problema que é a falsa sensação de ganhar mais e de gerar mais dinheiro, porque deixam de ter os tributos, mas precisam fazer tanto as proteções quanto a acumulação financeira até então via INSS de maneira privada e acabam não fazendo dessa maneira”, mencionou o especialista em seguros, Luciano Tane.
Segundo o especialista, cerca de 80% das pessoas não fazem nenhum tipo de planejamento antes de abrir um negócio, o que é uma falha, porque esse é um caminho que precisa estar bastante preparado para arriscar.
Neste cenário, os seguros entram como complemento. Muitas vezes ele é o protagonista do empresário, pois ele que vai suportar os altos e baixos do empresário dentro as condições elaboradas pelas seguradoras, caso ele precise se afastar da empresa, seja por motivo de doença ou acidente. “O seguro que vai proteger o patrimônio que essa pessoa construiu ao longo da vida, os seguros de vida (proteção para si) são essenciais”.
Os desafios do empreendedor é planejar-se para longevidade, conforme o presidente do Sincor – AM/RR (Sindicato dos Corretores de Seguros) e especialista em gestão financeira, Érico Parente. Ele enfatizou sobre a necessidade de todo empreendimento contar com planejamento financeiro como calcular o risco do negócio caso dê errado e até mesmo os imprevistos. “Para que você se mantenha ativo até o decorrer de toda a sua vida é necessário ter saúde, mas se ocorrer um imprevisto como por exemplo um diagnóstico de doença grave ou um acidente, como a pessoa vai se proteger financeiramente? Pode acumular reservas financeiras como também comprar um capital de seguro de vida, de incapacidade temporária, uma cobertura de doença grave para se proteger dos imprevistos. Além disso, ter um planejamento adequado do recolhimento de renda para aposentadoria”.
Outro caminho
Por outra ótica, Luciano Tane cita o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) como o lado da seguridade social e do planejamento financeiro. Mas antes disso, ele deixou claro que quem exerce atividade remunerada no Brasil, tem obrigação como cidadão contribuir para o INSS e não fazê-lo comete um crime de Sonegação de Contribuição Previdenciária, artigo 337-A do Código Penal. “Não é mais questão de querer ou não querer fazer as contribuições, é sua obrigação como cidadão”.
“Começando pelo Planejamento Financeiro, costumo dizer (e provar em números) que é difícil ‘bater’ o INSS quando comparado ao investimento privado e levando em consideração uma pessoa de 35-40 anos e com contribuição mínima. As pessoas levam em consideração apenas a aposentadoria social, mas se esquecem que dentro do valor mínimo de contribuição também existe o seguro social como pensão por morte, renda por invalidez, auxílio acidente, auxílio doença, auxílio maternidade, auxílio reclusão e por aí vai! Todos esses benefícios têm um valor módico mensal”.
Para Luciano Tane, a autarquia ainda é imbatível – mesmo com todos seus problemas, burocracias e desconfianças. “Os seguros privados entram para preencher esse déficit no planejamento financeiro. Do lado da seguridade social e pensando como um cidadão, dezenas de milhões de brasileiros sobrevivem com apenas um salário mínimo de aposentadoria graças às contribuições obrigatórias que foram descontadas de seus salários quando registrados como CLT ou pagos de maneira facultativa ao longo dos anos”, destacou.
Andréia Leite
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