Salvo a carteira de automóvel, que teve um forte avanço da sinistralidade na primeira semana da greve capixaba, os demais danos patrimoniais provocados, direta e indiretamente, pela paralisação da Polícia Militar do Espírito Santo, como os saques aos estabelecimentos comerciais, não deverão ser recepcionados pelo mercado de seguros.
Esta é a avaliação do presidente do Sindicato das Seguradoras do Rio de Janeiro e do Espírito Santo, Roberto Santos, ao explicar que as coberturas que poderiam mitigar as perdas do comércio, como a garantia de tumultos, tradicionalmente não são adquiridas pelos segurados, seja por falta de conhecimento ou pelo fato de o cliente considerar tal evento improvável e preferir economizar na contratação de coberturas.
A inesperada paralisação da PM, porém, mudou o cenário de risco temporariamente, tornando indicada a cobertura de tumultos, que prevê o pagamento das perdas decorrentes por ações de aglomerações descontroladas. E, tendo em vista a ameaça de insurgência da PM em outros estados, é recomendável consultar os corretores para rever as coberturas de riscos patrimoniais. “Apesar dos saques, pouca coisa chegará ao mercado, porque não há uma contratação expressiva das apólices para riscos decorrentes de tumultos”, explica Roberto Santos.
Sobre o forte aumento de roubo e furto de carros na primeira semana da greve dos policiais do Espírito Santo, Roberto Santos disse que as notificações subiram 200% no período, na comparação às médias das semanas anteriores ao do início da crise na segurança pública. Curiosamente, tal aumento teve um alvo específico: o de usar os carros roubados e furtados no transporte de mercadorias saqueadas. Em razão disso, Roberto Santos acredita que o índice de recuperação de automóveis- zero no período da crise, mas de 70% em fase normal- é agudo temporariamente, mas não crônico. Isso significa que os donos de carros não deverão ter as taxas de prêmios encarecidas. “Os carros roubados estão abandonados pelas cidades, podem ter alguns danos, mas nada que provoque alta dos prêmios no futuro, até porque espera-se a volta da taxa média de recuperação de carros, com o fim do movimento de paralisação da PM”, explicou ele.
No Rio de Janeiro, onde há um movimento de mulheres de policiais parecido ao do Espírito Santo- bloqueio das entradas dos batalhões- Roberto Santos informou que não houve algo fora do padrão em termos de sinistralidade nesses primeiros dias de paralisação parcial. Ele lembrou, contudo, que a sinistralidade no estado fluminense já está bastante avançada, sobretudo nas carteiras de automóvel e de transporte de mercadorias.
Escrito por Cnseg