×

No primeiro Copom do ano, BC corta juro em 0,75 ponto, para 13% ao ano

Com inflação menor, mercado vê espaço para um corte maior na Selic

Na primeira reunião de 2017, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, de maneira unânime, reduzir a taxa básica de juros da economia, a Selic, em 0,75 ponto porcentual, para 13% ao ano. Apenas parte dos analistas previa um corte dessa magnitude, já que a maioria do mercado ainda apostava em redução de 0,50 ponto.

No comunicado divulgado após a decisão, o BC diz que cogitou fazer um corte menor do juro, para 13,25%, e sinalizar uma queda maior na próxima reunião. De acordo com a autoridade, entretanto, a combinação entre fraca atividade econômica e expectativas de inflação ancoradas permitiu uma redução mais agressiva.

O BC ainda avalia que a inflação está com trajetória mais favorável, horas depois de o IBGE anunciar o IPCA de 2016.  “A inflação acumulada no ano passado alcançou 6,3%, bem abaixo do esperado há poucos meses”, cita o texto divulgado. “E dentro do intervalo de tolerância da meta para a inflação estabelecida para 2016”.

Além de comemorar a inflação “bem abaixo do esperado há poucos meses”, o BC ressaltou no texto que “as expectativas de inflação apuradas pela pesquisa Focus recuaram para em torno de 4,8% para 2017, e mantiveram-se ancoradas ao redor de 4,5% para 2018 e horizontes mais distantes”.

Setores do governo defendiam o corte de 0,75 ponto porcentual diante da fraqueza da economia, o alto desemprego e os índices de inflação mais controlados.

Também pesou na avaliação do BC a percepção de que a aprovação e implementação das reformas e ajustes necessários na economia pode ocorrer de maneira mais rápida do que o previsto.

O comunicado do BC nota, contudo, que a “extensão do ciclo e possíveis revisões no ritmo de flexibilização continuarão dependendo das projeções e expectativas de inflação e da evolução dos fatores de risco”.  De acordo com as projeções de economistas divulgadas no último relatório de mercado Focus, o juro básico da economia deve terminar 2017 em 10,25% ao ano.

(Fernando Nakagawa e Fabrício de Castro)