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Estudos indicam que avanços do Open Insurance ficam para 2025

O Mercado de Seguros prepara-se para viver o “open insurance” na prática apenas em 2025. A referida conclusão está incluída na pesquisa sobre o ambiente de compartilhamento de informações e transações de seguros realizada pela consultoria Capgemini em dezembro do ano passado. As informações são do site Valor Econômico.

Trata-se de um deslocamento de expectativas em um ano para a frente na comparação com o levantamento anterior, realizado em maio de 2021. A vice-presidente para Seguros da Capgemini Brasil, Renata Ramos, aponto que no início de 2022, o setor ainda alimentava muitas dúvidas sobre o processo, sobre o cronograma de implementação e até mesmo sobre os potenciais efeitos sobre o mercado.

Na visão do líder de soluções para seguros da Capgemini Brasil, Gustavo Leança, “entre aquele primeiro lançamento de maio até a retomada desse segundo estudo, a gente acaba tendo mudanças da própria diretoria da Susep e, posteriormente, em alguns prazos e definições do projeto”. O ex-chefe da Superintendência de Seguros Privados, Alexandre Camillo, tomou posse em dezembro de 2021 e deixou o posto na primeiro dia útil de janeiro deste ano. Para seu lugar, foi nomeado interinamente Carlos Roberto Alves de Queiroz, funcionário de carreira do órgão.

Outra grande mudança no projeto do open insurance ocorreu em novembro de 2022, com a publicação da resolução 450 do Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP). A nova norma acrescentou a possibilidade de corretores de seguros fazerem parte do futuro ecossistema, com atuação dentro da nova figura criada, a Sociedade Processadora de Ordem do Cliente (Spoc), que substituiu a Sociedade Iniciadora de Serviços de Seguro (Siss), prevista no escopo original do programa implementado pela Susep no início de 2021.

A nova regra alterou algumas datas, O início do compartilhamento de dados dentro do ecossistema foi adiado de dezembro de 2022 para março de 2023. O CNSP alterou o prazo final para implementação do compartilhamento de dados pessoais de 15 de junho para 15 de setembro deste ano.

“Um ponto que a gente enxerga é que as expectativas iniciais acabam se ajustando conforme o tempo passa, porque os agentes percebem que as mudanças talvez não sejam tão imediatas. A gente não viu só uma mudança de expectativa que se desloca de 2024 para 2025, como também vimos que o grupo que considerava que o open insurance não traria impacto aumentou de 3% para 10% na segunda rodada da pesquisa”, destaca Gustavo Leança.

O estudo da Capgemini ouviu 78 executivos do mercado de seguradoras, insurtechs, resseguradoras e provedoras de tecnologia para o setor. Para a vice-presidente da consultoria, o mercado com um todo está aprendendo sobre o tema. “Teremos uma visibilidade melhor sobre as mudanças ao longo do ano”, diz.

A pesquisa identificou ainda as principais visões sobre o impacto do open insurance, quando estiver em funcionamento pleno no Brasil. De acordo com o levantamento, 77% dos executivos entendem que novos produtos vão ser desenvolvidos a partir da implementação do ambiente de compartilhamento de informações e transações.

O documento também indica que quase três quartos dos entrevistados, ou 73%, apontaram ainda que um dos impactos será estimular a entrada de novas seguradoras concorrentes. Além disso, 74% preveem que o setor vai incorporar novos canais de distribuição e haverá maior diversificação na intermediação.

De acordo com a pesquisa, a percepção dominante da indústria é que o ambiente de compartilhamento terá um forte impacto inclusive. Diante do lançamento de novos produtos, com maior customização e preços mais acessíveis, além de uma jornada digital mais simples, as plataformas tendem a trazer novos consumidores, ou seja, a base de clientes.

“A gente tem ouvido da indústria como principal ganho – e mais imediato – a questão da customização”, diz o líder de seguros da Capgemini. “Com o open insurance a seguradora passa a ter volume de dados cada vez maior, como histórico de pagamento de sinistros e outros”, acrescenta.

Na avaliação de Leança, a partir do segundo trimestre o foco das preocupações das companhias passará a ser o do uso efetivo e análise dos novos dados. “O que a gente vai começar a perceber provavelmente a partir de março é a questão de ‘o que eu faço com os dados?’”, aponta.

 

Fonte: CQCS l Ítalo Menezes