A confiança do consumidor brasileiro cresceu na comparação entre os meses de janeiro de 2016 e dezembro de 2015, segundo levantamento da FGV. A confiança subiu 2,5 pontos, alcançando o patamar de 67,9, mas permanece no campo negativo (abaixo de 100) e recuou 13,2 pontos em relação ao mesmo mês de 2015. A melhoria no indicador se deu tanto por conta do aumento do Índice de Situação Atual (ISA), que subiu 1,1 ponto, quanto da melhoria no Índice de Expectativas (IE), que cresceu 3,4 pontos, atingindo 70 pontos. Outra boa notícia veio do setor externo brasileiro, que, em 2015, registrou um déficit nominal 43% inferior ao verificado de 2014, somando 3,32% do PIB contra 4,31% do ano anterior. Além disso, o financiamento do déficit voltou a ser completamente suprido pela entrada de Investimento Direto no País (IDP), que somou 3,94%, um pouco abaixo dos 4,01% registrados em 2014. Com o câmbio desvalorizado, a expectativa de melhoria ainda mais significativa das balanças comercial e de serviços faz com que alguns analistas projetem déficit nominal zero entre os anos de 2016 e 2017. O Banco Central, no entanto, adota previsões mais conservadoras e espera o recuo do déficit nominal em 2016 para apenas 2,69%, que será completamente financiado pela entrada de investimentos estrangeiros.
Comentário: Algumas boas notícias começam a aparecer no cenário econômico nacional, contrariando as expectativas mais pessimistas de que a instabilidade poderia aumentar em 2016. A melhoria das contas externas, já esperada devido à desvalorização cambial e à recessão interna, pode ajudar no processo de recuperação da economia brasileira, além de garantir que não teremos uma crise cambial no horizonte. Em segundo lugar, a recuperação da confiança dos consumidores e empresários pode ocorrer, mesmo que lentamente, em um cenário de aumento da oferta de crédito e retomada de alguns investimentos estruturais na economia brasileira. Por fim, existe a expectativa de que a inflação passe a cair no acumulado de doze meses ainda no primeiro trimestre do ano, o que ajuda na recuperação da confiança do consumidor. A manutenção da taxa de juros corrobora esta expectativa, além de apontar para a possibilidade de fim do ciclo recessivo ainda em 2016. Um dos fatores decisivos para sabermos se estas notícias podem se tornar mais constantes e sólidas será a superação do impasse político, com a derrota esperada da tentativa de impeachment e o afastamento do deputado Eduardo Cunha, que promete travar a pauta legislativa do país para se salvar. Caso o Brasil supere esta crise de governabilidade, não há grandes razões econômicas que condenem o país a permanecer em recessão continuada, uma vez que o próprio governo aponta para a necessidade da retomada do crescimento e do emprego como forma de concretizar o desejado ajuste das contas públicas.
Fonte/Autor por: Fundação Perseu Abramo