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CNseg: conectividade é o grande desafio para as seguradoras diante das demandas por inovação e da nova forma de oferecer serviços e produtos aos consumidores

Durante Insurance Service Meeting, presidente da Confederação destacou a necessidade de inclusão das camadas menos favorecidas da sociedade frente a um cenário de avanços tecnológicos e novos modelos de negócios

Como incorporar, apesar do avanço da tecnologia da informação, a camada da população brasileira que não tem acesso aos meios de comunicação com tecnologia mais avançada, ao mercado de trabalho, ao mercado de consumo e ao de bens de produção? Com esta indagação, o presidente da Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNseg), Marcio Serôa de Araujo Coriolano, abriu a décima edição do Insurance Service Meeting, maior evento de tecnologia do mercado de seguros brasileiro, realizado em Campinas (SP). Coriolano destacou que, hoje, a sociedade brasileira vive um momento ainda mais desafiador na tentativa de retomar o ciclo de crescimento econômico. “Os avanços tecnológicos aliados a uma forma de “pensar fora da caixa” podem se constituir em aliados para o aprimoramento da linha de produtos e ampliação do portfólio de ofertas das empresas, da precificação de riscos e de uma melhor eficiência operacional”, ponderou, alertando para a questão da conectividade no Brasil.

Segundo ele, dados recentes de pesquisa sobre Tecnologias da Informação apontam que 58% da população brasileira acessa a internet regularmente e que deste total, 89% dos internautas utilizam aparelhos celulares. “Ou seja, quem está conectado, está conectado o tempo todo e esse comportamento precisa gerar uma reflexão no mercado segurador sobre como acessar e endereçar mensagens a este público. Há muitos obstáculos a serem vencidos, como questões regulatórias. Ao mesmo tempo, 42% da população não tem acesso à internet. Corremos o risco de haver uma falta de inclusão de uma parcela da  população?”, questionou ao público presente formado por cerca de 400 participantes entre representantes do setor de seguros e especialistas em tecnologia de corporações multinacionais. Na sequência, abordou questões como o tratamento de dados, instigando a reflexão sobre o uso de informações de origem pessoal, a análise de dados, segundo ele um imperativo que exige pessoal altamente qualificado para a construção de modelos estatísticos para técnicas de inteligência analítica e de modelos preditivos. Finalizando, chamou a atenção para a inovação, afirmando que não comunga com um senso comum que atribui ao setor segurador certo atraso conservador. Foi esta a ligação que fez para o primeiro painel do evento.

Na sequência, o primeiro painel do dia, intitulado “A mudança tecnológica chegando mais rápido” trouxe à tona uma realidade que não faz mais parte apenas de filmes de ficção: já estamos na era da inteligência artificial experimentada em robôs cada vez mais avançados e que já ocupam  espaço em algumas profissões, das impressoras 3D, das tecnologias disruptivas como os aplicativos que se destacam frente às ofertas de produtos e serviços consideradas tradicionais, e também da nova forma de enxergar as habilidades de um funcionário dentro de uma empresa, que leva em consideração, além de um currículo pertinente ao cargo, o pensamento crítico, a criatividade, a empatia com os seus pares e a inteligência emocional. Durante sua explanação, o professor da Fundação Instituto de Administração (FIA), CEO da Inova Consulting e colunista da rádio CBN, Luis Rasquilha, destacou o poder da tecnologia e da conectividade no âmbito das empresas e da sociedade em geral.

Ele apresentou dados sobre a força da população conectada em relação à população global que vêm crescendo em larga escala desde o ano 2000, quando havia cerca de seis bilhões de pessoas no mundo, das quais apenas 6% estavam conectadas. “Em 2010, esse número subia para sete bilhões de pessoas no mundo, das quais 23% delas já estavam conectadas. Em 2020, estima-se que esta barreira terá ultrapassado a casa dos sete bilhões de pessoas no mundo e que 66% delas estarão conectadas, gerando um fluxo de três bilhões de novos consumidores com acesso à internet. Será que nós estamos preparados para esse novo modelo de negócios? Será que estamos preparados para a chamada transformação digital que vai além de ter um site, uma rede social, uma estrutura de TI adequada e alguns automatismos? Mas não é isso. O poder está do outro lado da conversa. Está ao lado dos consumidores”, ressaltou, destacando que 90% do conhecimento do mundo de hoje foi gerado apenas nos últimos 24 meses. Sob a ótica da velocidade a que dobra o conhecimento humano, as informações também impressionam. “Em 1900, demorava em torno de cem anos, em 1945 esse número caiu para 25 anos, chegando a 13 meses em 2014 e, até 2020, estima-se que serão necessárias apenas 12 horas para que o conhecimento humano dobre”, enumerou. “Mapeiem de forma muito clara quem são os novos entrantes no seu mercado. Não se preocupem tanto com quem está no mercado fazendo o mesmo que vocês fazem. Se preocupem com quem pode entrar no mercado, revolucionando aquilo que vocês fazem”, concluiu.

No mesmo painel, o diretor Geral Executivo da CNseg, Marco Antonio da Silva Barros, falou sobre a empresa de participações que a CNseg constituiu, em parceria com as suas quatro federações associadas (FenaPrevi, FenSeg, FenaSaúde e FenaCap), a CNsegPar, e o projeto de inovação MAR, que recebeu este nome em homenagem ao ex-presidente da Confederação, Marco Antonio Rossi. Segundo Barros, a principal motivação para esta iniciativa foi poder, de alguma maneira, transformar o mercado segurador. “Ou você rapidamente se adapta e entende como todas essas transformações tecnológicas estão modificando e ainda podem modificar mais o seu negócio, a sua vida, a vida da sua família e interage ou você não irá sobreviver”, observou. Desta forma, de acordo com ele, a CNseg optou por não ser uma incubadora ou uma aceleradora de start ups e, sim, um investidor anjo, trabalhando sob o conceito de smart money, aproximando quem tem o conhecimento, quem tem o poder de decisão e quem pode promover mudanças dentro de um determinado segmento da sociedade.  Por meio da CNsegPar, a Confederação firmou uma parceria com a aceleradora catarinense Darwin Starter  e  foi iniciado um processo de inscrição no qual cerca de 300 empresas de todo o Brasil se cadastraram para participar.

A programação trará ainda temas que estão na agenda das principais companhias que atuam no Brasil e outros com viés mais técnico, como a “Maturidade digital no Brasil e seus reflexos no profissional de seguros”, “Aceleradores em digital para o novo mercado de seguros”’, “Inovar para transformar: insurtechs e oportunidades”, e “Watson como advisor do segurador”. O sábado, dia 5/11, segundo dia de programação do Insurance Service Meeting, será aberto com o painel “Ferramentas para predição de riscos”, seguido por “Visão analítica – o profissional pensando e agindo diferente” e terá como a palestra de encerramento do evento “O novo indivíduo. Uma nova organização. Uma nova sociedade.” A programação completa do evento está disponível no hotsite:www.insurancemeeting.org.br

 

Escrito por  Lana Esch