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Bovespa fecha em baixa de 3%, por exterior e com cautela local; Vale despenca

Principal índice da bolsa paulista tem a maior queda desde o dia 1° de dezembro de 2016; Ibovespa atingiu 62.980 pontos, mínima desde o dia 11 de janeiro do ano passado

SÃO PAULO – O principal índice da bolsa paulista caiu quase 3 por cento nesta terça-feira, perdendo os 63 mil pontos, com a queda em Wall Street e perdas em commodities pesando sobre um mercado já cauteloso com o noticiário local.

O Ibovespa caiu 2,93 por cento, a maior baixa desde 1º de dezembro do ano passado (-3,88 por cento), a 62.980 pontos, mínima desde 11 de janeiro (62.446 pontos). O giro financeiro foi de 8,92 bilhões de reais.

Em Wall Street, o S&P 500 caiu mais de 1 por cento pela primeira vez desde 11 outubro, com receios de que o presidente norte-americano, Donald Trump, tenha dificuldades para entregar os prometidos cortes de impostos que levaram os mercados a máximas históricas recentemente, com o nervosismo aumentando antes de uma importante votação sobre o sistema de saúde.

O cenário local também favoreceu o tom negativo, com investidores monitorando os desdobramentos de operações da Polícia Federal e o quadro político.

Nesta terça-feira, a PF lançou uma nova fase da Lava Jato contra suspeitos com foro privilegiado, em uma ação com base em delações da Odebrecht, causando receios com relação a efeitos no avanço de votações de medidas como a reforma da Previdência.

O mercado continuou repercutindo ainda a operação Carne Fraca, lançada na sexta-feira pela PF para desarticular uma organização criminosa envolvendo fiscais agropecuários federais e cerca de 40 empresas. As atenções seguem voltadas aos desdobramentos da ação, conforme alguns importadores de carne brasileira anunciam suspensão ou aumento nas exigências para comprar produtos do país.

DESTAQUES

– VALE PNA caiu 8,48 por cento, a maior baixa desde 24 de junho do ano passado (-8,96 por cento), enquanto VALE ON perdeu 8,19 por cento. Os contratos futuros de minério de ferro e aço na China caíram cerca de 4 por cento nesta terça-feira, após registrarem na semana passada a maior recuperação semanal em dois meses nos mercados futuros.

– GERDAU PN perdeu 7,12 por cento, USIMINAS PNA teve baixa de 7,38 por cento e CSN recuou 8,95 por cento, também refletindo as perdas do minério de ferro e do aço da China.

– PETROBRAS PN teve baixa de 4,41 por cento e PETROBRAS ON perdeu 3,39 por cento, acompanhando o movimento dos preços do petróleo no mercado internacional, com o barril dos EUA caindo para seu menor nível desde novembro, em meio a preocupações sobre novas ofertas que ofuscaram notícias mais recentes de que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) estava planejando ampliar os cortes de produção para além de junho. A empresa divulga seu balanço do quarto trimestre ainda nesta terça-feira.

– JBS ON caiu 0,37 por cento, em uma sessão volátil para o papel, com investidores ainda avaliando os impactos da operação Carne Fraca da Polícia Federal e efeitos no mercado global com países ainda anunciando vetos à compra de carne brasileira. Na mínima, a ação caiu 1,9 por cento enquanto subiu 2,31 por cento na máxima. Na véspera, as ações da empresa reverteram as fortes perdas do início do pregão e fecharam em alta de 0,75 por cento.

– BRF ON recuou 1,24 por cento, anulando os ganhos vistos no início do pregão, quando chegou a subir 2,4 por cento. A Coreia do Sul vai suspender a proibição à importação de frango da empresa, após o governo brasileiro notificar o país asiático que carne alterada de cerca de 20 unidades processadoras não havia sido exportada para o mercado sul-coreano.

– MARFRIG ON subiu 1,12 por cento, após cair mais de 4 por cento na véspera. MINERVA ON, que não está no Ibovespa, ganhou 0,64 por cento depois de perder mais de 7 por cento na segunda-feira e aprovar, na noite passada, programa de recompra de até 10 por cento das ações em circulação. As duas empresas não foram citadas na operação da Polícia Federal.

Por Flavia Bohone