O uso de derivativos – também chamados de “operações de hedge” – é cada vez mais comum no Brasil. Eles funcionam como proteção de contratos, dívidas ou fluxo de caixa contra a variação cambial ou outro tipo de exposição e proporcionam previsibilidade ao balanço das empresas. Em um momento de grande oscilação cambial como o que vivemos atualmente no País, empresas de diversos portes podem se proteger com a inclusão de derivativos em sua estratégia financeira. Neste ano, por exemplo, a moeda norte-americana subiu aproximadamente 42% frente ao real e quem utilizou derivativo conseguiu mitigar os efeitos desta oscilação.
Em 2012, a média mensal de operações registradas na Cetip com Termo de Moedas, muito utilizado por importadores e exportadores, era de aproximadamente U$ 20 bilhões. Em 2013, com o crescimento da oscilação do câmbio, esse valor começou a subir. Atualmente, esse instrumento movimenta mais de U$ 30 bilhões em contratos de empresas que estão se protegendo no Brasil. As informações são da Cetip, empresa que realiza o registro dos derivativos de balcão no Brasil.
Diante da complexidade do tema, a Cetip preparou respostas para cinco dúvidas comuns sobre derivativos:
1) O que é derivativo?
Derivativo é um instrumento financeiro cujo valor final depende (deriva), total ou parcialmente, do valor de outro ativo, que pode ser uma ação, moedas, juros, entre outros.
2) E para que ele serve?
No segmento em que a Cetip atua, conhecido como mercado de balcão, ele é utilizado, essencialmente, para fins de gestão de risco das empresas e proteção contra oscilações indesejadas, uma estratégia que também é conhecida como hedge. Além disso, no mercado de balcão, os contratos de derivativos podem ser customizados de acordo com a necessidade de cada empresa ou pessoa física.
3) É arriscado usar derivativos?
Desde que utilizado como instrumento de proteção contra oscilações futuras oriundas de riscos de mercado existentes no balanço das empresas, o derivativo é extremamente útil e benéfico dentro da estratégia das empresas. Usado adequadamente o instrumento não é arriscado, pelo contrário, elimina riscos.
4) Quais são os principais tipos de derivativos?
O Contrato a Termo é uma das modalidades mais utilizadas e permite à empresa “travar” a cotação do dólar ou alguma outra moeda (ou ainda algum outro ativo, por exemplo, uma commodity) em um valor determinado a ser pago em uma data futura. Assim, a empresa garante que suas despesas ou ganhos futuros em dólar terão cotação pré-determinada, evitando prejuízos. São bastante utilizados para hedge de operações de natureza comercial (importações e exportações).
Já os contratos de Swap possibilitam que uma empresa troque o indexador da sua dívida – ou seja, o fator que determina quanto será pago em troca do empréstimo por um outro indexador mais coerente com os ativos da empresa. Na prática, isso significa que uma empresa pode, por exemplo, trocar seu risco de exposição cambial para uma taxa de juros em reais, pré ou pós-fixada.
Outros tipos de derivativos são as Opções. Com elas, a empresa adquire o direito de comprar ou vender um ativo por um determinado preço em uma data futura. A empresa não é obrigada a concretizar a compra ou venda na data prevista, caso o cenário não se revele vantajoso como o esperado. Para ter este direito no mercado de opções, a empresa paga um prêmio no início da operação.
5) Como é este mercado no Brasil e no mundo?
No Brasil, os principais ativos (indexadores) dos contratos no mercado de derivativos de balcão são as moedas, seguidas por juros. Dos contratos registrados na Cetip, 67% são cambiais; seguidos por juros, com 21%; ações, com 9%, e outros com os demais 3%.
Já no exterior, segundo dados do Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês), os principais indexadores dos contratos de derivativos de balcão são os juros, com 82,20%; seguidos por moedas, 12,34%; ações, 1,28%, e outros com 4,18%.
A volatilidade do câmbio e o aumento do número de empresas com relações comercias com o exterior são fatores que explicam a predominância de contratos utilizando moedas no Brasil. As companhias precisam se proteger de variações no câmbio, que são frequentes e significativas no País.
Sobre a Cetip
A Cetip é a integradora do mercado financeiro. É uma companhia de capital aberto que oferece serviços de registro, central depositária, negociação e liquidação de ativos e títulos. Por meio de soluções de tecnologia e infraestrutura, proporciona liquidez, segurança e transparência para as operações financeiras, contribuindo para o desenvolvimento sustentável do mercado e da sociedade brasileira. A empresa é, também, a maior depositária de títulos privados de renda fixa da América Latina e a maior câmara de ativos privados do país.
Mais de 15 mil instituições utilizam os serviços da Cetip. Entre elas, fundos de investimento; bancos comerciais, múltiplos e de investimento; corretoras e distribuidoras; financeiras, consórcios, empresas de leasing e crédito imobiliário; cooperativas de crédito e investidores estrangeiros; e empresas não financeiras, como fundações, concessionárias de veículos e seguradoras. Milhões de pessoas físicas são beneficiadas todos os dias por produtos e serviços prestados pela companhia como processamento de TEDs e liquidação de DOCs, além de registro de CDBs e títulos de Renda Fixa, e serviço de entrega eletrônica das informações necessárias para o registro de contratos e anotações dos gravames pelos órgãos de trânsito.