Arma usada pelo prefeito de Manaus, Arthur Neto (PSDB), sempre que se vê acuado, a sofística (bravata, oratória) lançada mão por ele para se contrapor ao Governo do Estado, na figura pessoal do governador José Melo (Pros), no debate dos incentivos fiscais para manter o preço da passagem de ônibus sem reajuste, desta vez, fracassou.
Contradito por aquilo que fala e o que faz, o tucano foi execrado nos comentários da população nas redes sociais, a ferramenta mais democrática de que o cidadão dispõe, acerca de sua própria defesa-ataque que publicou em forma de nota oficial na sexta, dia 27, ao tentar responsabilizar o governador pelo reajuste que concedeu um dia antes, quebrando acordo entre eles com os empresários.
A memória coletiva sobre o tema foi imediata. Na página de Arthur no Facebook, os internautas lembraram a peça que o prefeito montou durante as eleições, quando vestiu seu colete de operário, avisou a imprensa, entrou em um ônibus e, com a câmera de sua assessoria voltada para o seu rosto, declarou que enquanto estivesse no cargo o povo não iria pagar conta mais alta.
A intolerância do manauense com o prefeito, porém, não se resume a esse fato específico. O contexto multiplica a impaciência, manifestada, por exemplo, por Claudimir e Bruno.
Só para ilustrar, o tucano não se expôs publicamente nas discussões da tarifa. Usou o vice, Marcos Rotta (PMDB). E quando se procurou saber a razão do sumiço do prefeito, a explicação foi ainda mais agravante: o prefeito não está ausente, está ajudando a administrar Manaus por WhatsApp.
A resposta frustra até o mais otimista eleitor que acreditou na disposição de Arthur em governar Manaus pela terceira vez. E aliados também. Beneficiado direto pela eleição de Rotta, o agora deputado federal Sabino Castelo Branco (PTB) fez críticas ao prefeito (titular e substituto) e se disse traído com o aumento da tarifa.
Nesse sentido, a sofística moderna reafirma a desonestidade intelectual que lhe era acusada pela filosofia, pois, outra vez, a distância entre a oratória de Arthur e a realidade é abissal.
Nos 29 dias do novo mandato, Arthur sentou apenas nove na cadeira de prefeito, se reuniu apenas uma vez com seu secretariado, em encontro de uma hora, está fora da cidade e não há informação de seu retorno, pois não há transparência em sua agenda de chefe de poder público que governa uma cidade-estado.
O seu substituto, quando questionado pela imprensa sobre o paradeiro do titular, preferiu fazer gracejo a dar uma satisfação, não ao repórter que fez a pergunta, mas ao cidadão-contribuinte-eleitor que optou em renovar o mandato de Arthur na esperança de ter um prefeito que o representasse na solução de problemas que vão se tornando crônicos.
Mais que isso: em Manaus, são poucos os que defendem o transporte público da capital, que está mergulhado em dívidas com a União, o Estado e Município, e não consegue oferecer serviço com a qualidade do tamanho do sacrifício que o povo fez em créditos concedidos com tributos pagos pelo cidadão.
Fonte: BNC