Dados divulgados recentemente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre a produção industrial mostram que a desaceleração econômica ainda é forte no Brasil. Embora tenha ocorrido uma alta de 0,5% da produção industrial, esta é muito tímida frente a uma queda expressiva de 3,5% em agosto. Ademais, a grande maioria dos setores industriais apresentou queda.
Na comparação de setembro do presente ano com o mesmo mês no ano anterior, o total da indústria caiu 4,8%. No acumulado dos nove meses de 2016, a variação foi de -7,8%. Considerando os últimos doze meses, o recuo até setembro chega a 8,8%.
Os dados mostram que a expansão da produção se cristalizou em somente nove dos 28 setores pesquisados pelo IBGE. Destes, destacam-se as indústrias alimentícia (6,4%) e automobilística (4,8%), que compensaram apenas parcialmente a expressiva queda que tiveram no mês anterior. Entre os setores em queda, os desempenhos de maior relevância vieram de: máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-8,1%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-6,2%), produtos de minerais não-metálicos (-5,0%) e perfumaria, sabões, produtos de limpeza e de higiene pessoal (-2,7%).
A preocupação com a retomada da economia está se tornando latente entre os economistas, que estão revisando as projeções de crescimento para baixo tanto neste ano quanto no ano que vem. O relatório FOCUS divulgado pelo Banco Central do Brasil (BC) coaduna com esta percepção. A dificuldade de recuperação da demanda tem solapado as expectativas de investimento e, consequentemente, sobrepujado a retomada do emprego e da renda. No cerne da crise se configura a gestão equivocada do Banco Central sobre câmbio e juros. Sem uma taxa de câmbio competitiva e menos volátil, assim como uma taxa de juros condizente a realidade econômica do país, a volta do crescimento econômico continuará sendo paulatinamente prejudicada.
Escrito por Fundação Perseu Abramo