O setor de saúde suplementar é um dos mais atingidos pela crise na economia. A avaliação é da presidente da Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), Solange Beatriz Mendes, segundo a qual o segmento está muito associado ao comportamento da economia, à geração de emprego formal e renda. “Aproximadamente 66% dos contratos são de coletivos empresariais”, afirma a executiva.
A boa notícia é que o setor começa a apresentar resultados mais satisfatórios, indicando que a luz no fim do túnel está próxima. Tanto assim que, após passar mais de um ano (14 meses) amargando decréscimos sucessivos, o número de beneficiários de planos de saúde voltou a crescer em agosto, atingindo a marca de 48,3 milhões de vínculos.
Ainda que o aumento tenha sido irrisório (com pouco mais de 32 mil beneficiários em relação a julho), Solange Beatriz acredita que a proximidade da retomada da estabilização da economia fará com que a saúde suplementar comece a registrar o retorno do equilíbrio, principalmente na medida em que os beneficiários recuperarem seus empregos e o poder aquisitivo. “Os números do setor podem se elevar com a retomada do desenvolvimento do país”, diz a presidente da FenaSaúde.
Com base em dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), a FenaSaúde apurou que a receita de contraprestações aumentou 12,3% no primeiro semestre de 2016 em relação ao mesmo período do ano passado. Já as despesas assistenciais cresceram 13,2%.
Na visão de Solange Beatriz, esses números indicam que as despesas assistenciais continuaram a crescer em ritmo mais acelerado do que as receitas. Além disso, a inflação médica vem atingindo, em média, patamar duas vezes superior ao indicador que aponta a variação dos demais preços da economia.
Com isso, em 10 anos, entre 2007 e 2016, os gastos per capita com saúde no Brasil cresceram 158,7%, enquanto a variação do IPCA foi de 74,7%.
O quadro é agravado pelo aumento da frequência de uso dos recursos médicos, que é estimulado pelos próprios prestadores de serviço, os quais, no modelo vigente no Brasil, são remunerados por quantidade de procedimentos. Pesam também os preços elevados de materiais e medicamentos. “Os desperdícios precisam ser amplamente debatidos pela sociedade para viabilizar a sustentabilidade da saúde suplementar”, conclui Solange Beatriz.
Escrito por Seguro Gaúcho