Falhas no suprimento de energia elétrica impactam cada vez mais o mercado segurador. No Brasil, as interrupções na distribuição de energia registraram uma média anual de 25 horas consecutivas, enquanto o padrão internacional é de cinco horas. “As redes, de forma geral, são muito antigas, com mais de 50 anos de uso, e necessitam de investimentos. Precisamos nos adaptar à energia do Século XXI e aos novos modelos de negócios que envolvem a adoção de redes inteligentes, com eficiência energética, gerenciamento de demanda, cogeração, automação predial, microrredes e outros tantos modelos”, constatou Marco
Na sua apresentação, organizada nesta quinta-feira (16/06), pela Comissão de Riscos Patrimoniais Massificados da Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg), na sede do Sindicato das Seguradoras do Estado de São Paulo (Sindsegsp), Donatelli chamou a atenção para o fato de o setor de energia passar por uma disrupção no plano mundial. “O que tem acontecido é que estão pegando o antigo modelo, jogando fora e desenvolvendo um novo. Na Alemanha, a energia já funciona de forma horária. Por meio de um sofisticado software, que otimiza o custo da energia para o cliente, ele mesmo decide os critérios para o seu consumo, quando precisa armazenar energia, utilizar da rede ou mesmo vendê-la”, exemplificou.
Em relação a como os impactos que o crescimento acelerado dos sinistros relacionados a danos elétricos motivados por eventos nos sistemas de energia podem incidir sobre o mercado segurador, Donatelli destacou que é necessário um maior controle tanto por parte das distribuidoras de energia quanto das seguradoras. “Falta controle sobre casos de solicitações de ressarcimento por conta da pouca efetividade dos mecanismos de interface entre as partes. Legalmente, seriam as distribuidoras que deveriam ressarcir os clientes por ocorrências de danos elétricos na rede”, apontou, sugerindo o desenvolvimento de plataformas de cruzamento de dados para mitigar custos em casos de restituição a clientes, sejam eles por duplicidade ou por situações fraudulentas.
Diante do cenário destacado por Donatelli, o presidente da Comissão de Riscos Patrimoniais Massificados da FenSeg, Danilo Silveira, comentou que as ocorrências de sinistros provenientes de danos elétricos estão tão elevadas que se faz urgente uma revisão dos modelos de subscrição e precificação da cobertura. “É necessário que haja uma franquia compatível com a média histórica de sinistros ou, eventualmente, um aumento da participação obrigatória dos prejuízos para um equilíbrio da operação”, destacou, referindo-se a um cenário no qual 80% dos cerca de 230 mil condomínios distribuídos pelo território brasileiro possuem seguro. Danos elétricos em seguros de condomínios
A gerente de Produtos de Varejo e Afinidades da Tokio Marine Seguradora, Madga Truvilhano, apresentou um estudo sobre a frequência na cobertura de danos elétricos no Brasil, onde existem mais de 134 mil apólices ativas para esta cobertura. O material teve como base os dados de seis seguradoras que operam com o seguro de condomínios, coletados em um período de um ano, e considerou os danos causados por oscilação de energia e os danos causados por queda de raio. “O Brasil é um dos países mais afetados por queda de raios no mundo, já tendo registrado a incidência de 70 milhões de raios por ano”, observou, alertando para o fato de que, embora seja um seguro obrigatório, 20% dos condomínios brasileiros não estão segurados. Ela destacou ainda que as regiões Sul, Centro-Oeste e Norte do País, além do interior de São Paulo, possuem as maiores taxas de risco para tais ocorrências, chegando a registrar sinistralidade superior a 100%.
O Seminário de Riscos Patrimoniais Massificados – Seguros de Condomínios teve apoio da Escola Nacional de Seguros e reuniu público superior a 60 pessoas entre executivos de cargos gerenciais, especialistas técnicos e subscritores.
Fonte/Autor por: Cnseg