Em virtude dos eventos realizados em prol do movimento Maio Amarelo, dedicado a estimular a sociedade a refletir sobre a importância de um trânsito mais humano e seguro, fui participar de palestra numa das escolas de maior prestígio do Rio de Janeiro.
Os presentes eram alunos da terceira série do ensino médio. A maioria jovens que estão próximos de tirar a carteira de habilitação. A palestra tinha como objetivo levar algumas informações importantes para os jovens mas acima de tudo mostrar as consequências dos acidentes. O principal palestrante foi um velho amigo, Fernando Diniz , que perdeu seu filho Fabrício num acidente provocado por um motorista alcoolizado e usuário de drogas.
Diniz transformou a sua dor em luta para evitar que outros pais passassem pela mesma situação. Sua palestra comoveu os alunos e foi impressionante ver o silêncio respeitoso e a atenção daqueles jovens, tão cheios de energia, que puderam entender melhor a dimensão da tragédia que representa um acidente para os familiares das vítimas, que são tão vítimas quanto as próprias.
Perguntamos aos alunos presentes, cerca de 180 jovens, quantos deles tinham perdido uma amigo, parente, familiar por causa de um acidente ou estiveram de alguma forma envolvidos com uma situação dessas. Nessa hora cerca de 30% da plateia levantou a mão. E o demais puderam perceber a dimensão do problema que atinge todas as classes sociais.
Apesar da legislação permitir que os alunos possam aprender sobre trânsito no colégio e sair do ensino médio sem precisar pagar pelas aulas teóricas da autoescola, na prática, isso ainda não existe, e esperamos mudar esse quadro. Afinal, aprender física estudando as consequências da velocidade e o impacto num acidente é muito mais interessante quando o tema trânsito entra na matéria, porque faz parte do dia a dia das pessoas.
Entender as estatísticas analisando os números do Seguro DPVAT, nos permite aprender a dimensão do problema, simplesmente analisando dados das vítimas fatais e inválidas, os gastos com indenizações, o impacto econômico e social, despesas hospitalares, enfim, o tema trânsito em geral. Inclusive os benefícios do seguro.
Por isso, é preciso que os DETRANs e as secretarias estaduais de educação utilizem esse instrumento que a legislação ofereceu para ajudar na conscientização dos alunos sobre a importância de ser responsável no trânsito.
É bom lembrar que muitos alunos hoje vão para as escolas em bicicletas, skates, sem contar os que vão em motocicletas, tão comum nas cidades do interior. Infelizmente, muitos desses jovens não vão chegar a vida adulta exatamente por não aprenderem essas boas lições na escola. Por isso, ensinar educação no trânsito nas escolas poderá salvar muitas vidas. Não há tempo a perder.
Rodolfo Alberto Rizzotto
Fonte/Autor por: Equipe DPVAT