De acordo com dados divulgados pelo ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), as contas externas do país têm sofrido um forte ajuste. Com grande queda das importações e recuperação das exportações, fruto do realinhamento cambial, a balança comercial brasileira registrou o melhor abril da história e fechou o mês com um superávit de US$ 4,861 bilhões. Em abril, as exportações alcançaram o montante de US$ 15,374 bilhões, crescimento de 1,4% a mais do que em abril do ano passado. Já as importações totalizaram US$ 10,513 bilhões. Em comparação com o mesmo período do ano anterior, as importações registraram queda de 28,3% e se mantiveram estáveis sobre março de 2016.
Números referentes aos quatro meses do ano mostram que o saldo comercial acumulou superávit de US$ 13,249 bilhões, revertendo o déficit alcançado em igual período de 2015, de US$ 5,059 bilhões. Cabe ressaltar que semimanufaturados encabeçaram o aumento das exportações (incremento de 6,9%), com principal destaque para catodos de cobre (370,3%) e açúcar em bruto (78,3%). A despeito do patamar mais favorável às exportações, a alta volatilidade do câmbio no mês de abril provocou resultados adversos à retomada do setor de manufaturados, que caiu 1,3% em abril e registrou US$ 5,433 bilhões. Neste grupo, as quedas mais expressivas foram motores e geradores, que caíram 27,3%; autopeças, com uma retração de 26,5%; óxidos e hidróxidos de alumínio, uma queda de 24,2%; e motores para veículos e partes, que registrou uma queda de 23,1%. Já as altas mais significativas para os manufaturados se deu nas exportações de torneiras e válvulas, em 221,2%, e automóveis de passageiro, com aumento de 67,6%.
Ademais, mais uma vez a economia brasileira tem se mostrado estruturalmente dependente do setor primário. Mesmo com queda dos preços da Soja, esse setor registrou recorde no volume exportado. Embarques de soja em grãos no mês em abril foram os mais expressivos da história do país, chegando a um total de 10,1 milhões de toneladas. De fato, o país tem mostrado dificuldade de apresentar resultados positivos na pauta de exportações para além do setor primário da economia que congrega menor valor agregado e dinamismo quando comparado à indústria manufatureira. Uma reversão deste quadro só será possível se houver uma articulação entre a política macroeconômica (particularmente câmbio e juros) e a política microeconômica, em um ambiente estável e de planejamento de longo prazo.
Fonte/Autor por: Fundação Perseu Abramo