Um dos grandes desafios do seguro obrigatório DPVAT é a oferta de atendimento qualificado ao acidentado do trânsito. A solução está na participação efetiva das seguradoras consorciadas e dos corretores de seguros, instituindo um modelo atrativo que crie as condições favoráveis a esse engajamento.
Um dos grandes desafios do seguro obrigatório DPVAT é a oferta de atendimento qualificado ao acidentado do trânsito.
Não há como deixar de insistir: uns dos grandes desafios do seguro obrigatório DPVAT é a oferta de atendimento qualificado ao acidentado do trânsito, ou seu beneficiário, em todo o Brasil. As medidas até agora adotadas não têm como espoco principal este gargalo. Pouco se pensa e fala e o que é pior, pouco se faz a favor do segurado. Mesmo o Projeto Correios, tão criticado pelos corretores de seguros, ao que nos parece, não veio para solucionar a questão do atendimento, e sim para criar pontos de recepção de documentos. E sob esse aspecto, é iniciativa distante da oferta de um atendimento orientado e assistido.
Mais recentemente, outra decisão veio à baila: a centralização dos processos de sinistros DPVAT na Seguradora Líder, que, em seguida, fará uma redistribuição entre as seguradoras consorciadas. Não há como deixar de vê-la também como modelo que não leva em consideração o segurado, mais uma vez relegado. Não há nada mais acertado que possibilitar que a vítima do trânsito faça o pedido de indenização em sua cidade, local do acidente de trânsito, e ali seja atendido, livremente. A centralização do sinistro tende a retirar esse seu direito, alocando o seu processo de sinistro em uma seguradora a quilômetros e quilômetros de distância.
Acontece que as vítimas do trânsito são na maioria pessoas humildes e, não raro, com pouca instrução. É possível imaginar a dificuldade que eles têm de obter os documentos necessários à indenização, preencher formulários etc. Não é difícil imaginar também que nem todos têm acesso a internet. Sendo assim, o acompanhamento do processo vira um problemão e o mesmo se aplica à solução de pendências e o acesso a informações.
Antes disso, a centralização dos sinistros, prevista para começar em março, impõe, na verdade, séria incógnita. Como o segurado será atendido na ponta? As seguradoras não são estimuladas a abrirem pontos de atendimento Brasil à fora, bem como os corretores de seguros não são estimulados a operar no ramo. Onde e como será gerado o contato inicial que a vítima do trânsito precisa para pedir a indenização? Muitos corretores que vivenciam o DPVAT têm a resposta na ponta da língua: dentro dos hospitais, delegacias, funerárias, via intermediários. Então cabe a pergunta: A centralização dos sinistros vai estancar essa distorção?
Acredito que a solução para universalizar o acesso do segurado ao DPVAT – volto a insistir –, passa pela participação efetiva das seguradoras consorciadas, estimulando-as a abrir pontos de atendimento presencial em todo o País, bem como passa pelo estímulo aos corretores de seguros, como parceiros nessa empreitada. Para isso, é preciso instituir um modelo atrativo que crie as condições favoráveis a esse engajamento.
Fonte/Autor por: David Ferrari / Empresa: Gente Seguradora SA