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O Corretor é tratado como animal de abatedouro: destaque do percentual de comissão na apólice

Não consigo entender o porquê da Susep querer trazer este vexame para nossa categoria. Talvez o dileto superintendente Roberto Westenberger desconheça que o tema foi debatido em todas as gestões anteriores e, principalmente, na que terminou no início de 2015.

No último Grupo de Trabalho da corretagem estávamos discutindo a modernização das normas dos corretores e sua eficácia. Participei, junto com representantes das seguradoras e corretores, da discussão sobre a necessidade de se colocar o ganho do corretor na apólice. A alegação era a transparência para o consumidor.

Após diversos encontros e sob a égide de uma defesa de valores personalíssimos, descobrimos que, ao contrário do que se imaginava, destacar a comissão do corretor na apólice era extremamente prejudicial, ou melhor: Apenas prejudicaria a relação deste intermediário com o seu cliente.

Inclusive, nem mesmo de preço, visto que a concorrência entre pares é o pilar de um mercado sadio e competitivo. E o corretor de seguros vive em um mercado extremamente competitivo, tornando o percentual de comissão cada dia mais reduzido. E a única finalidade seria justamente o que algumas congêneres desejam: A descaracterização do canal corretor, em prol de outros canais que menos favorecem o consumidor.

Numa época em que o Brasil passa por uma situação desmoralizadora, em meio à corrupção e desconfiança dos meios, métodos e ortodoxias dos órgãos públicos, ficamos boquiabertos com tamanha disparidade de julgamento das funções do intermediador. Até parece, desculpe-me por isso, que o corretor é quem prejudica a indústria do seguro. Semelha, inclusive, àquelas decisões governamentais do tipo: Extintor e Kit medicamento obrigatório nos veículos e depois à extinção da obrigação.

Hoje, particularmente, há uma análise sobre se os corretores de seguros são mais fiscalizados do que as seguradoras. Enquanto alguns corretores de seguros são punidos, e com certa razão, quase que imediatamente após o processo instaurado, por seus atos ou omissões, algumas seguradoras chegaram à míngua, a ponto de deixar consumidores na mão (Confiança seguros, etc). A liquidação Extra Judicial de algumas seguradoras foi alvo de morosidade e pegou de surpresa o mercado de seguros. Não entendemos até hoje o porquê de demorar-se de fevereiro a dezembro de 2014. Enquanto os corretores assumem total responsabilidade civil e criminal por seus atos, as seguradoras piratas proliferam sem qualquer tipo de norma ou estabelecimento de rotinas, e os segurados das seguradoras quebradas estão a ver navios. Enquanto os corretores de seguros estão entre os que menos sonegam impostos nesta nação de desprezados, incluindo-se, pelo que parece essa norma e essa Audiência Pública, os seguros piratas são vendidos nas esquinas dos bairros, nos jornais impressos, nas rádios, outdoors, bailes, bares, quiosques, quitandas, clubes, deste Brasil. Enquanto os corretores de seguros fazem o papel do segurado – protegendo-o – mesmo sem ser seu representante Legal, e desempenham papel social, a Susep parece querer executá-los de qualquer maneira na forca da maldita norma. Enquanto os corretores de seguro empregam de forma dinâmica e eficiente, com salários compatíveis, há uma distonia neste mercado que surpreende qualquer um. Os 50 anos de nossa profissão não podem ser comemorados com tantos episódios de desprestígio, como invocados por esta Audiência Pública. Meio século de vida exige um pouco de respeito.

Ainda mais, enquanto os sonegadores enviaram bilhões pra fora sem um imposto cobrado, a decisão de trazer a dinheirama toda e cobrar um imposto sobre a bolada, como exemplo, lavando oficialmente na Lavanderia Brasil é um exemplo sujo de legislação que dá vergonha a qualquer brasileiro, nós só queremos trabalhar em paz, praticando a comercialização de seguros com o ganho de nossas comissões.

Por isso, Dr Roberto Westenberger, não aceite conduzir uma Norma que demonstre ser o corretor indigno de seus ganhos. Isto é vexatório para o profissional que atende o consumidor de seguros. O Brasil precisa de mais e melhor, e somos nós. O corretor não é o culpado pelo que está acontecendo neste País. E há assuntos muito mais urgentes e importantes pra Susep tratar. Uma sugestão é o SEGURO PIRATA!

Sinceramente, como brasileiro e corretor de seguros, estou envergonhado de que uma proposta destas tenha respaldo da Susep. Afinal, somos nós ladrões para sermos tratados a ferro e fogo? A maioria dos corretores de seguros são pequenos empresários que respiram um pouco com a inclusão no SUPERSIMPLES. Geralmente, com apenas um funcionário. Na maioria das vezes são empresas familiares. No final, são trabalhadores que enriquecem o Brasil.

Talvez o senhor não conheça a vida dos corretores de seguros, e não porque os desmerece, mas por viver um ciclo de vida que não lhe permitiu, mas convido-o a conhecer a nossa profissão e entender que é digna demais.

Fica o apelo!

Armando Luis Francisco