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Planejamento é a saída para negócios que sofrem com a sazonalidade

Alteração no volume de vendas no decorrer do ano pode levar empresários à falência, caso não sejam desenvolvidas ações nos períodos de baixa procura

Alguns modelos de negócios como academias, sorveterias, parques aquáticos, entre outros, sofrem com a sazonalidade dos seus investimentos no decorrer do ano. Basta chegar o calor para estes setores sentirem o movimento aumentar, porém, quando o verão vai embora, os clientes somem.

Muitos comércios com este perfil, acabam falindo logo após o término da estação mais quente do ano, pois não conseguem manter as receitas nos períodos de baixa procura. Gustavo Teixeira, é dono de uma academia, em Perdizes, São Paulo, desde 2009, e sentiu na pele os prejuízos causados pela sazonalidade. “Nos períodos de férias e no inverno a academia sofre com a baixa procura e acabávamos sofrendo para manter o pagamento das despesas em dia”, relembra Teixeira.

De acordo com Mariana Notari, consultora empresarial da Saffi Consultoria, as empresas que padecem com a oscilação do movimento necessitam planejar o ano para evitar um impacto muito grande nas finanças nos períodos de baixa procura. “O risco é justamente viver sempre conforme a sazonalidade. Muitas vezes, mal conseguirão passar pelos meses de baixa sem sangrar sua empresa, pois acabam com sua margem de lucro com descontos irreais”, ressalta a especialista.

Para garantir a sobrevida do negócio, o empresário necessita criar maneiras para mudar o comportamento sazonal do mercado, desenvolvendo promoções e ações que atraiam a atenção do cliente o ano todo. “O empresário precisa conhecer profundamente o negócio em que trabalha, e desenvolver um planejamento estratégico de ações para serem feitas nos meses de baixa, e assim, ter bons resultados”, afirma Mariana. Dessa forma, o empresário poderá se programar com alguns meses de antecedência para este período.

A consultora exemplifica que, no caso de uma sorveteria, que possui suas vendas significativamente maiores no verão, o ideal é investir no desenvolvimento de outros produtos nos períodos mais frios do ano, como o petit gateau, sorvetes assados, entre outros. “A introdução de alimentos quentes ao sorvete, torna o alimento mais atrativo no frio” aconselha.

No caso de Teixeira, a saída encontrada para a sazonalidade foi criar promoções que levassem os alunos a assinarem a matrícula anual. “A maioria dos nossos alunos estava matriculada em planos mensais, o que facilitava a desistência. Com isso, desenvolvemos promoções que deixavam as matriculas anuais mais atrativas, com preços bem mais baixos que os planos mensais”, recorda.  Com esta ação, a academia conquistou um salto significativo no volume de inscritos, passando de 350 para 700 alunos.

Qualidade no atendimento

Outra dificuldade enfrentada pelos empreendimentos que sofrem com a sazonalidade é manter a qualidade e o padrão no atendimento no decorrer do ano, pois nos períodos de alta, é preciso ter mais funcionários, numa comparação com os períodos de baixa, em que o volume de serviços cai.  Muitas vezes, os empresários ficam em dúvida se devem ou não contratar mão de obra extra nos períodos de maior movimento, pois temem perder a qualidade e o padrão no atendimento.

Nestes casos, aconselha Rodrigo Gomes, consultor empresarial da Saffi Consultoria, o empresário precisa se programar para todas as possíveis ações que acontecerão no decorrer do ano, que podem impactar nos negócios. “Não apenas os períodos mais quentes ou frios, como também Copa do Mundo, eleições, entre outros eventos que podem interferir. Por isso, é extremamente importante o empresário se programar, no fim do ano, para todas as ações que ocorrerão no ano seguinte”, explica.

Com este plano em mãos, o empresário pode, por exemplo, programar as férias dos funcionários para os períodos de baixa procura, ou atribuir outras funções nas épocas mais tranquilas. “No caso de uma clínica odontológica, por exemplo, a recepcionista no período de baixa, pode estar envolvida com telemarketing, ou estreitar o relacionamento com clientes antigos, convidando para um retorno”, reforça.

No caso da academia de Teixeira, a saída encontrada foi a programação das férias dos 22 funcionários para os períodos de baixa procura. “Assim, consigo manter o meu quadro de funcionários, sem a necessidade de cortar pessoas nos períodos de baixa ”, afirma.

Quando não há como fugir da contratação de temporário, o consultor explica que, para manter a qualidade e o padrão, o empresário necessita investir em treinamentos, não apenas dos funcionários extras, mas de toda a equipe, para que todos possam estar bem motivados e cientes dos processos. “Com planejamento das ações, o empresário poderá se preparar com antecedência para os desafios no decorrer do ano”, finaliza Gomes.