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Insurtechs recebem grandes investimentos e crescem no Brasil

Desde 2016, o número de novas empresas chamadas insurtechs, mais do que triplicou, chegando a 169 iniciativas no Brasil, conforme dados levantados pelo Distrito a pedido do Valor Economico e divulgado pelo jornal nesta segunda-feira, 31. Essas empresas, que são startups com soluções para o mercado segurador, estão em constante evolução nos últimos anos, devido a baixa penetração de seguros, mudanças regulatórias e avanços tecnológicos. Esses motivos também explicam o maior apetite dos fundos de capital de risco (venture capital) por negócios inovadores em seguros. O volume de recursos aportados em insurtechs vem crescendo nos últimos anos e chegou a US$ 318 milhões em 2021, num total de 27 transações, de acordo com o Distrito, que considera nesse número startups de outros segmentos que também oferecem serviços de seguro.

Nessa lista está a Pier, seguradora digital que levantou R$ 108 milhões (cerca de US$ 20 milhões, no câmbio da época) em setembro do ano passado, numa rodada liderada pelo family office Raiz Investimentos, de Ivan Toledo, fundador do Sem Parar. Com o aporte, a insurtech – primeira selecionada na edição inaugural do sandbox da Susep – pediu uma licença definitiva de seguradora, autorização dada pelo regulador em dezembro. Enquadrada no nível S3, vai poder oferecer outros produtos – hoje atua com seguro auto e para smartphones.

“Queremos nos tornar uma referência em uso de inteligência artificial em seguros, oferecendo produtos melhores e mais baratos”, destaca Douglas Gouvêa, diretor de finanças da Pier. Para isso, a empresa vai investir em marketing e ampliação da equipe – hoje com 200 pessoas, deve chegar a 450 até o fim do ano.

A Pier é um exemplo de como as novas regulações no mercado de seguros, como sandbox e open insurance, estão ajudando a pavimentar o caminho para o surgimento de mais startups, assim como a consolidação e escala de insurtechs que já passaram do estágio inicial. “O que está impulsionando as insurtechs é ter o regulador apoiando mais a indústria”, aponta Gustavo Araújo, sócio do Distrito.

Para Lúcio Anacleto, sócio-líder do segmento de seguros da KPMG no Brasil, o volume de investimentos em insurtechs tende a continuar crescendo. O cenário é positivo, avalia o especialista. “Temos uma demanda não assistida, empreendedores querendo fazer novos produtos e serviços usando novas tecnologias, regulador promovendo o ambiente e investidores com capital.”

Em setembro de 2020, a Domo também liderou uma rodada de R$ 5,5 milhões na Rede Vistorias, que atua com soluções imobiliárias e foi selecionada na segunda edição do sandbox da Susep.

Gabriel Sidi, sócio da Domo Invest, avalia que o ambiente atual está muito mais favorável do que anos atrás, e ele também enxerga a regulação como o principal fator que vem destravando os investimentos em startups de seguros. “Havia um represamento muito grande”, observa.

A Bossanova Investimentos, que também investe no early-stage, está de olho em insurtechs com soluções voltadas para empresas (B2B) ou que acessem o consumidor final também via outras companhias (B2B2C). No ano passado, a empresa lançou um comitê com executivos de mercado, cujo objetivo é investir R$ 5 milhões em até 15 insurtechs, com cheques entre R$ 100 mil e R$ 500 mil. Desde que a iniciativa foi criada, duas startups (Mutuus e Cignifi) receberam investimentos, conta João Kepler, CEO da Bossanova, que já investiu em mais de 900 startups e prevê outros 150 aportes em 2022.

“Temos 50 startups cadastradas para análise na vertical de seguros. Tenho certeza de que vamos bater essas 15 este ano. A perspectiva é muito boa”, diz Kepler. A próxima reunião do comitê de insurtech será no início de fevereiro e pode definir três novas investidas.

 

Escrito ou enviado por  CQCS – Juliana Winge