Há um mês as atividades estão sendo afetadas pela paralisação da economia no Brasil, causada pela pandemia decorrente do Coronavírus (COVID-19). Após o tumultuado período de intensas quedas na bolsa de valores, o que mudou no mercado acionário? Como a crise poderá afetar os planos de previdência com fundos de ações? Para debater sobre esses questionamentos, a Icatu Seguros realizou uma live em seu canal no último dia 16. A atividade contou com a participação de representantes de três gestoras que possuem foco em gestão ativa: Athena Capital, Constellation Asset e HIX Capital. Os convidados compartilharam suas percepções e fizeram projeções a respeito do tema. A conversa foi mediada por Talita Raupp, da equipe de previdência da Icatu Seguros. O Seguro Gaúcho acompanhou a atividade e apresenta abaixo um resumo da conversa.
Para debater a temática, Talita fez referências a volatilidade do mercado de ações nos últimos 30 dias, observando a preocupação que existe entre aqueles que possuem planos de previdência e estão na fase acumulação, já que é inegável a tensão que as oscilações podem trazer para os participantes desses planos. O gestor da HIX Capital, Rodrigo Heilberg, analisou o impacto do Coronavírus na economia real, afetando investimentos em fundos de ações. Para ele, a economia afeta muito o lucro das empresas e, no atual cenário, o impacto nas organizações será muito variado. Heilberg considera que vivemos um período tão incerto que nem os empresários têm noção do que irá acontecer com seus negócios. “Mesmo nós, analistas, também não podemos dizer o que acontecerá com a economia como um todo. Sei que veremos um cenário em que alguns setores sofrerão muito, como o de turismo e lazer, enquanto que outros segmentos, como os de bens de consumo e de produtos essenciais, seguirão seu fluxo de negócios.” Contudo o especialista fez projeções. “No cenário atual ocorre muita pressão no preço dos ativos, constituindo-se em um instante oportuno para quem deseja investir na bolsa. Entretanto, é também um momento de muita volatilidade”, explicou.
Já para o executivo da Constellation Asset, Marcello Silva, a representante da Icatu questionou de que forma as medidas tomadas pelo Banco Central poderão afetar o mercado de ações. Na opinião de Silva, o Banco Central e outras esferas do Governo têm trabalhado intensamente para oferecer condições especiais, como taxas menores de juros e financiamento da folha de pagamento. “Essas medidas visam proteger segmentos da sociedade que estão sendo muito afetados e, também, evitar um colapso de atividade econômica por meio de incentivos fiscais e de crédito. Acho que essas medidas afetarão positivamente o mercado de ações se o governo conseguir suavizar a queda da atividade econômica nesse momento mais agudo, para que o retorno do crescimento da economia seja mais forte”, esclareceu.
Silva também observou que devido à paralisação da economia está ocorrendo uma mudança de comportamento na filosofia de muitas instituições. “Muitas empresas já estão considerando o coronavírus como o principal fator de aceleração de sua transformação digital”, afirmou o especialista.
Ao CIO da Athena Capital, André Vainer, Talita questionou se o momento mais crítico de oscilação da bolsa de valores já passou e se já seria possível projetar um cenário mais confiável. “Quando nos referimos a bolsa de valores é sempre difícil afirmar que o pior já aconteceu. Pude perceber que tivemos evoluções muito grandes, tanto no lado monetário como no fiscal. Considero que o mais importante é o fato de já termos maior conhecimento da doença, do impacto econômico e de como as empresar irão agir”, explicou Vainer.
Ao falarem sobre o cenário existente, em que a volatilidade preocupa quem possui investimentos em fundos, os analistas foram cautelosos e fizeram suas considerações. No entendimento de Hilberg, quem possui investimento em renda variável deverá ter disciplina e agir com estratégia. “O investidor precisa fazer um rebalanceamento de sua carteira de investimentos de acordo com sua alocação estratégica. Também não é a época de correr riscos maiores, pois existe o perigo da volatilidade. É preciso olhar para a carteira de longo prazo”, aconselhou.
Já para Silva não é possível afirmar se dentro de um mês a bolsa de valores apresentará percentuais inferiores ou superiores aos atuais. “É muito difícil fazer projeções a respeito do movimento de curto prazo e isso significa que poderemos ter uma surpresa positiva como negativa. O investidor precisa ter uma visão de portfólio, ou seja, ele deve pensar onde a classe de ativos se encaixa no portfólio dele”, destacou.
Já Veiner, reforçou a importância dos investimentos em renda variável para a sociedade. Ele considera que o povo brasileiro precisa olhar para esse perfil de investimento como algo estrutural. “É preciso ter o entendimento que empresas diferenciadas irão remunerar o capital muito melhor do que os certificados de depósitos interbancários (CDI). Para a proteção daqueles que investem é preciso ter um portfólio balanceado e não uma carteira de investimentos de característica monotemática”, salientou Veiner.
Escrito ou enviado por Seguro Gaúcho